REDUÇÃO DE CUSTOS -
VISÃO GERAL
As empresas implantam programas de redução de custos de duas
formas: espontânea e compulsória.
A redução de custos espontânea é buscada antes de qualquer
sinal de crise atingir a empresa. Ela visa manter ou conseguir uma vantagem
competitiva. Seus efeitos são tipicamente expansionistas e, em geral, não sofre
restrições por parte dos colaboradores.
Já a redução de custos compulsória tem características
opostas à redução espontânea. Geralmente é implantada diante de crise
financeira e seu objetivo é a sobrevivência da empresa. Está baseada no corte
de custos e uma vez que áreas vitais para a geração de receita podem ser
atingidas, a eficácia dessa forma de redução de custos é incerta.
Segundo Michael Porter, uma empresa pode conseguir vantagem
competitiva sustentável por meio de custos ou de diferenciação. Ele ressalta
que mesmo quando a opção da empresa é pela diferenciação, os custos não podem
ser esquecidos.
Interessante notar que no Brasil há vários casos
emblemáticos de empresas diferenciadoras, antes líderes em seus mercados , e
que nos últimos anos têm experimentado resultados desapontadores.
Sintomaticamente, essas empresas vêm perdendo mercado para concorrentes focados
no custo.
A metáfora criada por Edmar Bacha, segundo a qual o Brasil
teria os contornos de uma imaginária Belíndia (uma parte pequena e rica seria
semelhante à Bélgica e a outra, grande e pobre, parecida com a Índia), ajuda a
entender a importância de uma empresa ser competitiva em termos de custo em
nosso país.
No Brasil, os anos de inflação alta e o fechamento da
economia por muito tempo, foram os principais causadores da pouca atenção que
as empresas dispensavam aos custos. Com frequência, encontrávamos empresas numa
situação surrealista: não tinham custos competitivos nem eram diferenciadoras.
Mesmo em nível internacional, o custo tem sido um fator
fundamental para as empresas. É sabido que a pujança da Wall Mart está
fortemente enraizada em reduzidos custos de pessoal e de aquisição junto a
fornecedores. AMD e AIRBUS são outros exemplos de como o custo pode mudar a
face de um setor empresarial.
Supondo que a empresa tenha se conscientizado da importância
de ter competitividade em custos, como atingir essa meta? Este é um dos grandes
desafios estratégicos para qualquer organização. É uma missão maior para seus
administradores.
Várias podem ser as opções para obtenção de competitividade
em custos. Determinadas opções, entretanto, estão presentes em todo processo de
redução de custos. As principais são:
1. Otimização da
qualidade em todos os processos da empresa.
Qualidade ótima é aquela que atende às expectativas dos
clientes ao menor custo. É um conceito bastante diferente de qualidade a custo
mínimo ou qualidade máxima ao custo que for necessário. Abrange pessoas,
processos, produtos e serviços. Em determinados setores empresariais, as
empresas nunca serão encantadoras de clientes. Elas acreditam que tentar assegurar a satisfação total dos
clientes seria economicamente inviável. Geralmente são empresas grandes, com
uma grande carteira de clientes e com atuação predominante no setor de
serviços. Costumam encabeçar a lista de queixas nos órgãos de defesa do
consumidor. Entretanto, existe um nível mínimo de qualidade a ser oferecido sob
pena de incorrerem em perdas marginais. O custo de recuperar um cliente
insatisfeito é comprovadamente maior do que o custo de conquistá-lo.
2. Atenção ao custo
global
Dada a inter-relação entre os vários tipos de custo de uma
empresa, a meta a ser buscada, depois de atendidas determinadas restrições,
deveria ser a minimização do custo total. Em algumas situações este
procedimento é bem compreendido. Por exemplo, na escolha da localização de uma
planta industrial são pesados, além das restrições qualitativas, os custos tributários,
de logística, de pessoal etc. Naturalmente, a localização ótima será aquela que
conduz ao menor custo total para a empresa. Em outros casos, entretanto, o
custo total pode estar sendo ignorado. Por exemplo, devido a dificuldades
financeiras, uma empresa pode optar pela compra de um equipamento mais barato
sem considerar sua vida útil e os custos operacionais envolvidos. O custo final
poderá ser bem mais elevado do que outra opção de investimento inicial maior.
3. Compreensão da
relação entre custo, preço e receita.
O custo influi na decisão de vender a determinado preço e
este afeta o volume vendido por meio da elasticidade-preço da procura.
Consequentemente, a receita da empresa também é afetada. Quando a empresa reduz o custo de um produto
ou serviço, também pode reduzir o preço de venda, aumentar a quantidade
vendida e obter um acréscimo na receita líquida. O ponto ótimo
de redução de custo é aquele onde a receita líquida para de crescer. Investimentos adicionais em redução de custos
não trariam receita líquida adicional.
4. Aprimoramento da
qualidade de dados e de informações de custo.
Esta opção exige coragem para rejeitar metodologias
tradicionais - ineficazes para apuração
e análise de custos - e capacidade para avaliar criticamente metodologias novas
e aplaudidas. Em um número expressivo de empresas, os dados de custo são
apresentados em relatórios burocráticos de utilidade questionável. Saber quanto
custa realmente um produto ou serviço
não é tarefa trivial.
5. Exploração de toda
a potencialidade da Análise de Valor
A análise de valor, apesar de já ter mais de sessenta anos,
ainda é a grande opção para redução de custos. Mesmo quando aparentemente não
está sendo utilizada num determinado processo de redução de custos, a observação
mais cuidadosa mostrará que a essência da análise de valor estará por trás da
metodologia usada. A análise de valor fornece uma combinação insuperável de
técnica e arte para lidar com problemas de custo elevado.
6. Crença de que todo
custo é redutível
Uma das principais
restrições ao processo de redução de custos é um argumento bastante conhecido:
o custo está no limite, não há mais o que reduzir. Toda empresa que tenha
enfrentado e vencido uma crise financeira sabe não há custo irredutível. O que
muitas vezes acontece é que o objetivo
de reduzir custos não é uma decisão firme. É apenas uma vaga intenção,
um balão de ensaio. As fortes reações dos setores envolvidos (produção, vendas,
administração etc.) se encarregarão de boicotar
o frágil projeto de redução de custos.
Das seis opções citadas para redução de custos, as três
primeiras são essencialmente processos de otimização. Significam identificar a
melhor forma de conduzir tarefas ou processos. A quarta opção destaca a
importância de saber corretamente quanto custa e porque custa. A quinta indica
o caminho mais eficaz para fazer custar. A última opção ressalta a importância
da determinação para o sucesso de um processo de redução de custos. Existe uma inter-relação
em todas essas opções, o que torna o processo de redução de custos ainda mais
desafiante, mas certamente compensador.
De qualquer forma, reduzir custo deve ser um processo contínuo e natural para o sucesso de qualquer organização. Deixando ainda mais claro a máxima "Reduzir custo também é uma forma de ganhar mais".
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